O Parto II

E finalmente aqui fica o resto da descrição do parto, é que isto de dois bebés para tratar não nos deixa com muito tempo livre para escrever...

Depois de me terem dito que seria cesariana chamaram o pai para que lhe desse a notícia e me despedisse dele.
Levaram-me para o bloco e começaram a preparar-me, quando me puseram soro no outro braço perguntei qual seria a anestesia e disseram-me que seria geral. Devido ao meu problema de coagulação a cesariana era considerada um risco, que acresceria se fosse com epidural, daí a ecolha pela anestesia geral, contudo só mo disseram quando eu perguntei já no bloco...

Lembro-me de olhar para o relógio (antes de me terem tiraado os óculos) e de serem 11.30. Deram-me a anestesia, comecei a sentir-me esquisita e adormeci. Lembro-me depois de parecer que me estavam a "desentupir" a garganta e de alguém dizer para respirar, de uma dor de barriga horrível, de dizer (meio roca) que me doía muito a barriga, de me sentir muito mal e de me mostrarem a Flor (sem óculos não vejo nada...). Disseram-me para a segurar mas apenas consegui colocar um braço por cima dela.

Tinha muito sono, mal conseguia abrir os olhos e sentia-me muito mal, mesmo muito mal, só tinha pensamentos maus em relação à bebé. só conseguia pensar em como não me conseguia mexer, de que o mal estar nunca mais passava, que não devia de ter tido a menina, que queria estar com o meu piolho mas que não ia conseguir tratar dele... Estes sentimentos mantiveram-se ainda durante umas horas, acho que devido à anestesia, porque deixei de os ter quando me senti melhor e mais acordada.

Passaram-me para a sala de recobro e chamaram o pai para ver a Flor, eram cerca das 14h. Ele pegou um bocadinho nela e depois a enfermeira mandou-me deitar de lado para dar de mamar. Consegui virar-me com a ajuda da enfermeira, mas as dores... Depois mandaram o pai embora, deixaram a bebé comigo e "espremeram-me" a barriga. Lembro-me da sensação desagradável que isso foi depois do Rafa nascer, mas depois depois da cesariana foi muitas vezes pior.

Levaram-me para o quarto e eram quase horas das visitas. Como era quarto dos cuidados especiais só era permitida uma visita de cada vez e ainda bem. Eu mal conseguia abrir os olhos, só queria dormir.

Depois ficou o pai connosco até às 20h, mudou a fralda à bebé, pô-la ao meu lado para mamar... Cheguei a pensar que não seria capaz de tratar dela quando ele se fosse embora mas aos poucos fui me sentindo melhor.

Depois dele se ter ido embora, já eu não tinha pensamentos maus e sentia-me melhor, apesar das dores terríveis, fiz o levante. Pouco tempo depois passei para um quarto normal (estavam a haver muitas cesarianas e só há 4 camas para os cuidados especiais, por isso depois do levante era tudo transferido para um quarto normal).
A recuperação foi bem pior do que a do parto do Rafa, e comecei a mexer-me um pouco melhor quando pude colocar a cinta.

No quarto onde fiquei apenas estiveram meninas e existiu um espírito fantástico de entre-ajuda o que fez com que a "estadia" se fizesse muito bem.

O Rafa foi ver-nos no dia seguinte e não me ligou nenhuma, apontava para a mana e queria espreitar os outros bebés e ir embora.


O Rafa gosta muito da mana, gosta de lhe dar festinhas (às vezes, poucas, faz cara de mau e quer bater-lhe como nos faz a nós), não demonstra qualquer tipo de retrocesso ou ciúmes, assim que acorda vai espreitar a "nana" e é a palavra que mais diz.